Apartamento para alugar, 57 m² por R$ 10.000,00/mês - Itaim - São Paulo/SP, Uma vaga de garagem. MobiliadoHorizonte Home And Office
Código de origem: AP16521
Descrição
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Juscelino Kubitschek de Oliveira BTO • GColIH • GCTE, também conhecido pelas suas iniciais JK (Diamantina, 12 de setembro de 1902 – Resende, 22 de agosto de 1976), foi um médico, oficial da Polícia Militar mineira e político brasileiro, foi o 21º Presidente do Brasil entre 1956 e 1961. JK concluiu o curso de humanidades do Seminário de Diamantina e em 1920 mudou-se para Belo Horizonte. Em 1927, formou-se em medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e em 1930 especializou-se em urologia em Paris. Em dezembro de 1931, casou-se com Sarah Lemos, com quem teve a filha Márcia, em 1943, e adotou Maria Estela, em 1947. Em 1931, ingressou na Polícia Militar como médico. Neste período, trabalhou na Revolução Constitucionalista e tornou-se amigo do político Benedito Valadares que, ao ser nomeado interventor federal em 1933, nomeou Juscelino como seu chefe de gabinete. Em 1934, foi eleito deputado federal, mas o seu mandato foi cassado com o advento do golpe do Estado Novo. Com a perda do mandato, retornou à medicina. Em 1940, foi nomeado prefeito de Belo Horizonte por Valadares, permanecendo neste cargo até outubro de 1945. No final do mesmo ano foi eleito deputado constituinte pelo Partido Social Democrático. Em 1950, venceu Bias Fortes nas prévias do PSD para a escolha do candidato do partido ao Governo de Minas nas eleições daquele ano. Na eleição geral, derrotou seu concunhado Gabriel Passos e foi empossado governador em 31 de janeiro de 1951. Neste cargo, criou a Companhia Energética de Minas Gerais, e também priorizou as estradas e a industrialização. Em outubro de 1954, lançou sua candidatura à Presidência da República para a eleição de 1955, sendo oficializada em fevereiro de 1955. JK apresentou um discurso desenvolvimentista e utilizou como slogan de campanha "50 anos em 5". Em uma aliança formada por seis partidos, seu companheiro de chapa foi João Goulart. Em 3 de outubro, elegeu-se presidente com 35,6% dos votos, contra 30,2% de Juarez Távora, da UDN. A oposição tentou anular a eleição com a alegação de que JK não havia obtido a maioria absoluta dos votos. No entanto, o general Henrique Lott desencadeou um movimento militar que garantiu a posse de JK e Jango em 31 de janeiro de 1956. Na presidência, foi o responsável pela construção de uma nova capital federal, Brasília, executando assim um antigo projeto para promover o desenvolvimento do interior e a integração do país. Durante todo o seu mandato, o país viveu um período de notável desenvolvimento econômico e relativa estabilidade política. No entanto, houve também um significativo aumento da dívida pública interna, da dívida externa, e, segundo alguns críticos, seu mandato terminou com crescimento da inflação, aumento da concentração de renda e arrocho salarial. Na época, não havia reeleição e em 31 de janeiro de 1961 foi sucedido por Jânio Quadros, seu opositor apoiado pela UDN. Em 1961, elegeu-se senador por Goiás e tentou viabilizar sua candidatura à presidência em 1965. No entanto, com o golpe militar de 1964, foi acusado pelos militares de corrupção e de ser apoiado pelos comunistas e como consequência teve seu mandato cassado e seus direitos políticos suspensos. A partir de então passou a percorrer cidades dos Estados Unidos e da Europa, em um exílio voluntário. Em março de 1967, voltou definitivamente ao Brasil e uniu-se a Carlos Lacerda e Goulart na articulação da Frente Ampla, em oposição à ditadura militar, que foi extinta pelos militares um ano depois, levando JK à prisão por um curto período. JK pretendia voltar à vida política depois de passados os dez anos da cassação de seus direitos políticos. Em outubro de 1975, concorreu, sem sucesso, a uma cadeira na Academia Brasileira de Letras. Ocupou a cadeira nº 34 da Academia Mineira de Letras.[1] Em 22 de agosto de 1976, morreu em um acidente automobilístico. JK é visto por muitos como o pai do Brasil moderno e está entre os políticos cujo legado é mantido mais favoravelmente. Início de vida Residência de Juscelino dos três aos dezenove anos, localizada em Diamantina, na Rua São Francisco, número 241. Atualmente, é um museu.[2] Juscelino Kubitschek de Oliveira nasceu em 12 de setembro de 1902 em Diamantina, num casarão colonial na rua Direita. Seu pai, João César de Oliveira (1872-1905), foi caixeiro-viajante e também exerceu várias outras profissões, de garimpeiro a delegado de polícia.[3][4] Durante uma viagem de serviço, João contraiu um resfriado que se transformou em pneumonia e deu origem a uma tuberculose. Com medo de contaminar a família com a doença, o pai de JK decidiu ir morar em uma casa isolada, recebendo visitas de amigos e familiares. João Oliveira faleceu em 10 de janeiro de 1905. A única renda da família passou a ser a da mãe,[5][6] Júlia Kubitschek (1873-1971),[7] que era professora primária e possuía ascendência checa (seu sobrenome é uma germanização do original tcheco Kubíček). Viúva aos 32 anos de idade e poucos anos após ter se casado, em 1898, Júlia não quis se casar novamente, dedicando-se ao seu trabalho e aos dois filhos, Maria da Conceição, apelidada de Naná, nascida em 1901, e JK, o Nonô. Júlia havia perdido um bebê nos primeiros meses de vida, cujo nome era Eufrosina, nascida em 1900.[8][9][10] O bisavô materno de Juscelino, Jan Nepomuk Kubíček, chegou ao Brasil por volta do ano de 1835, recebendo o apelido de João Alemão, provavelmente por ter chegado de uma região não independente na época, a Boémia, que integrava o Império Austríaco (atualmente parte da República Checa), ou por ter cabelo ruivo e olhos azuis de acordo com as citações da época. Em 1840, o nome do João Nepomuk Kubitschek constou pela primeira vez em um censo populacional feito em Serro, Minas Gerais. Jan Nepomuk Kubíček teve três filhos, um deles Augusto Elias Kubitschek, comerciante de armarinho e pai de Júlia; outro filho de Jan, João Nepomuceno Kubitschek, fez carreira política, tendo chegado a ocupar os cargos de senador estadual constituinte e vice-governador de Minas Gerais entre 1894 e 1898.[11][12][13] Quando menino, em uma brincadeira de esconde-esconde com um primo, Juscelino teria machucado o dedo mínimo do pé direito. Segundo o jornalista e biógrafo Roniwalter Jatobá, isto teria duas consequências para a vida de JK. A primeira seria uma característica física, pois não poderia mais fazer longas caminhadas e a pressão do sapato iria lhe trazer incômodo. A segunda seria de característica profissional, devido à dedicação do médico que lhe atendeu, que o influenciou a seguir carreira na medicina.[14] Educação e início de carreira Juscelino na época de sua formatura em medicina, em 1927 Em 1914, Juscelino terminou o curso primário.[15] Pagando uma mensalidade, foi estudar no seminário diocesano de Diamantina, dirigido por padres lazaristas.[16][17] No seminário, teve de usar batina como os demais, seguindo os estudos num regime severo, levantando às cinco horas da manhã e indo dormir às oito horas da noite.[18] Nos estudos, ia razoavelmente bem, com exceção da disciplina de Aritmética na qual tinha dificuldades.[19] Segundo o historiador Francisco de Assis Barbosa, Juscelino era um menino "como outro qualquer, incapaz de despertar inveja ou inimizades devido à sua condição econômica humilde e por seu temperamento brincalhão e avesso a discussões e intrigas."[20] Como não conseguiria sair da cidade para ir estudar em Belo Horizonte por ser menor de idade, dedicou-se a estudar sozinho, conseguindo a ajuda de alguns professores. Teve cursos de língua inglesa com um professor chamado José e língua francesa com a professora Madame Louise.[21] Em meio a dificuldades financeiras, conseguiu obter os exames preparatórios exigidos para o curso de medicina.[22] Em 1919, prestou em BH um concurso para telegrafista na agência central da cidade.[21] Para realizar o concurso exigia-se a idade mínima de dezoito anos, mas ele tinha apenas dezesseis anos incompletos. Para resolver este problema, conseguiu com o oficial de registro de Diamantina uma certidão forjada que marcava como se tivesse nascido em 1900.[23] Ficou em décimo nono lugar, sendo classificado.[24] No final de 1920, mudou-se para a capital mineira. De início, sua mãe pagava os custos do filho na nova cidade, mas ele não morava em boas condições de conforto.[25] Dois anos após o concurso, em maio de 1921, foi divulgada a sua nomeação para telegrafista auxiliar. Em janeiro de 1922, prestou o vestibular e matriculou-se na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais.[26] Em 1926, recebeu o diagnóstico de que estava com estertores no pulmão, tendo que ficar seis meses de cama.[27] No quinto ano de medicina, começou a trabalhar com o seu cunhado e amigo Júlio Soares como interno na enfermaria da clínica cirúrgica da Santa Casa.[28] Juscelino gostava de dançar e, por isso, criou-se a fama de ser um "pé-de-valsa".[29] Numa festa em 1926, conheceu Sarah Gomes de Sousa Lemos, filha do deputado federal Jaime Gomes de Sousa Lemos. A partir de então começaram a namorar.[30] Em 17 de dezembro de 1927, formou-se em medicina, na mesma turma de Pedro Nava;[31] foi na cerimônia de colação de grau que a mãe dele conheceu Sarah.[32] Após a formatura, deixou os Correios, passando a trabalhar em uma clínica cirúrgica particular, com o cunhado na Santa Casa e como assistente do professor universitário Baeta Viana em duas cadeiras, a da Clínica Cirúrgica e Física Médica.[33] Além disso, foi nomeado como médico da Caixa Beneficente da Imprensa Oficial do Estado.[34] No final de abril de 1930, viajou de trem para o Rio de Janeiro, onde partiu para a França no navio Formose.[35] Viagens e especializações profissionais O navio onde encontrava-se Juscelino fez várias escalas. O primeiro país em solo estrangeiro que o rapaz conheceu foi Senegal, mais especificamente a cidade de Dakar, seguindo para a cidade de Casablanca, no Marrocos. Juscelino chegou à cidade do Porto, Portugal, e a Vigo, Espanha, descendo próximo a Bordéus, já em território francês, onde pegou um trem para a capital Paris.[36] Lá, inscreveu-se num curso de cultura francesa da Aliança Francesa, atualizando-se no idioma e visitando museus e lugares históricos, mas o objetivo principal da viagem era se especializar em urologia com o doutor Maurice Chevassu, atividade que durou três semanas.[37][33] Em agosto de 1930, com as férias de verão dos professores, JK embarcou no navio Lotus para uma viagem pelo Mar Mediterrâneo. O navio partiu de Marselha e faria uma volta completa pelo Mediterrâneo oriental.[3][38] Em sua estadia na Europa, conheceu outros lugares, como: Viena, onde frequentou hospitais e enfermarias a fim de assistir operações;[39] a Tchecoslováquia, terra de seu avô materno; e Berlim, cidade em que cumpriu um amplo programa de conhecimentos médicos em sua especialidade.[40] De volta a Paris, confirmou com a embaixada brasileira os boatos de que haveria acontecido a chamada Revolução de 1930, ocasião em que o gaúcho Getúlio Vargas chegou ao poder. Após saber das novidades, JK e seus amigos Cândido Portinari e Leopoldo Fróes saíram pelas ruas a comemorar.[41] No início de novembro de 1930, embarcou no navio Almirante Alexandrino, donde partiria para o Brasil e chegaria em 21 de novembro de 1930 no Rio de Janeiro.[42] Ao chegar, pediu Sarah em casamento.[43] Casamento e carreira na medicina Foto tirada durante a Revolução Constitucionalista de 1932; JK é o primeiro da esquerda para a direita. Ao retornar para Minas Gerais, Juscelino montou um consultório próprio na rua São Paulo, trabalhou na Santa Casa de Misericórdia e lecionou.[42] Em março de 1931, com a ajuda de Gustavo Capanema, o secretário de Justiça, JK foi nomeado para a Força Pública, indo servir como capitão-médico no Hospital Militar, e ficando encarregado do Laboratório de Análises Clínicas.[44][45] Em 30 de dezembro de 1931, casou-se com Sarah na Igreja da Paz, em Ipanema, Rio de Janeiro. O vestido de Sarah era longo, sem véu e sem grinalda. A festa foi simples e íntima e o casal passou a lua-de-mel em um hotel da avenida Atlântica.[46] Juscelino, que então morava com a irmã em Belo Horizonte, alugou uma casa na Avenida Paraúna, próximo a irmã.[47] Após quase doze anos de casamento com Sarah, nasceu em 22 de outubro de 1943 sua primeira filha, Márcia. Na época, JK queria um menino.[48][42] Em 1947, Juscelino e sua esposa adotaram Maria Estela, que tinha quatro anos de idade e fora dada para a adoção pelos pais biológicos.[49][50] Revolução Constitucionalista Dr. Bayard Lucas de Lima, Dr. Cristóvão Miranda e Juscelino Kubitschek no P. C. Lerí, nas proximidade de Túnel Em julho de 1932, irrompeu a Revolução Constitucionalista, um conflito entre São Paulo e o Governo Vargas. Enquanto os paulistas rebelavam-se contra Vargas, os mineiros organizavam-se para defender o presidente.[51] Neste contexto, Juscelino foi convocado pelo comando geral para atuar como médico das tropas mineiras que lutavam contra os paulistas na Serra da Mantiqueira.[52][53] Instalado em Passa Quatro, JK começou a atender, de forma improvisada, feridos nas batalhas. Mais tarde, relembrou: "Nunca pude me esquecer daquele espetáculo. Começaram a descer feridos. Uns tinham a farda ensanguentada, mas ainda caminhavam. Outros, sustentados pelos padioleiros, gemiam, com a roupa estraçalhada, deixando ver ferimentos de estilhaços de granada nas partes expostas. Muitos deixavam-se levar, inertes, os braços caídos e a fisionomia contraída pela dor. Alguns já se encontravam em agonia. Intermitentemente, faziam-se ouvir as peças de grosso calibre, canhões e morteiros. As granadas, explodindo a intervalos, davam-me impressão tão estranha quanto sinistra. Faziam-me pensar, estourando de um extremo a outro, que o Anjo da Morte distendia um imenso sudário para amortalhar a Mantiqueira."[51] JK recebeu um paciente em estado grave. Tendo que operá-lo, pediu a um coronel-médico que o ajudasse, mas este se recusou. Com a ajuda de um veterinário e de uma freira, conseguiu operar o soldado e salvá-lo.[54] Logo depois, recebeu a visita de um capitão do quartel-general, que viera para abrir um inquérito contra o coronel que recusou ajuda a um paciente agonizante, mas Juscelino pediu que o inquérito não fosse aberto.[55] A atitude de não querer prejudicar a carreira de um superior hierárquico do Exército aumentou a simpatia de Juscelino com os militares.[56] Durante a revolução, conheceu o padre esloveno Alfredo Kobal, que serviu no Exército austríaco na Primeira Guerra Mundial,[57] e Benedito Valadares, prefeito de Pará de Minas.[58] Quando os combates acabaram, JK ficou responsável por transferir os feridos para as cidades de Varginha e Guaxupé. Com o fim do conflito na região, em 13 de setembro e resultando na vitória militar de forças pró-Vargas, JK voltou para casa, recebendo pessoalmente de Olegário Maciel, presidente do Estado, agradecimento pelo serviço prestado.[59][60][61] Início da carreira política Juscelino nos anos 1930 Em 1933, com a morte de Olegário Maciel, o presidente Vargas nomeou Benedito Valadares para o cargo.[62] Valadares e Juscelino tornaram-se amigos após a campanha eleitoral de 1932, e o novo interventor federal nomeou Juscelino para ocupar o cargo de chefe de gabinete.[63][64] Ele inicialmente não aceitou o convite, dizendo pessoalmente a Valadares que não iria deixar sua profissão e que não tinha objetivos políticos. Valadares, no entanto, insistiu, indo até o hospital militar onde JK estava trabalhando e anunciando, durante homenagem a Maciel, que havia escolhido-o para compor seu gabinete.[65] JK contou que foi nomeado por "imposição". No cargo, cuidava da agenda de Valadares e resolvia vários problemas conversando com as autoridades.[64][66] Em Diamantina, por exemplo, conseguiu abrir estradas e preservar edifícios históricos.[67] Nessa época, construiu a sua primeira obra pública: uma ponte sobre o Ribeirão do Inferno, ligando Diamantina à cidade de Rio Vermelho.[67] Durante o período em que desempenhou a função, JK não desativou seu consultório, mas desistiu de desenvolver a tese que pretendia utilizar para candidatar-se a uma cátedra na Faculdade de Medicina.[68] Em outubro de 1934, JK foi eleito deputado federal, filiado ao recém-criado Partido Progressista de Minas Gerais.[67][69] Ele licenciou-se de suas funções em Belo Horizonte e passou a morar no Rio de Janeiro, a capital federal, onde iniciou seu mandato em 3 de maio de 1935. JK passou mais tempo em seu estado natal do que no Rio de Janeiro e não esqueceu de suas bases eleitorais. Por ser o diretor da secretaria do PP desde setembro de 1934, gastava boa parte de seu tempo organizando o partido no interior mineiro. Em 1937, engajou-se na campanha de José Américo de Almeida, candidato à presidência da República para a eleição programada de 1938.[70][71][72] Como deputado, Juscelino atuava nos bastidores, articulando e defendendo os interesses do governo de Valadares.[72] JK raramente discursava na tribuna, preferindo atuações menos expostas, como nas comissões. Também fez várias viagens, inclusive acompanhando Vargas em uma visita à Argentina e ao Uruguai.[73] JK exerceu o mandato de deputado até o fechamento do Congresso Nacional, em 10 de novembro de 1937, com o golpe do Estado Novo, promovido por Vargas.[74] Após o impedimento de seu mandato, confidenciou à esposa que sairia definitivamente da política naquele instante, voltando a exercer medicina em seu consultório particular e no Hospital Militar.[67][75] Prefeito de Belo Horizonte JK discursando diante de Benedito Valadares e Getúlio Vargas, em 12 de maio de 1940. No início de 1940, Valadares nomeou Juscelino como prefeito de Belo Horizonte.[76][77] A princípio, JK não quis aceitar o cargo, argumentando que não apoiava o regime ditatorial, mas sua nomeação foi divulgada em 16 de abril no Minas Gerais, e foi empossado dois dias depois.[78][75] Como prefeito, não abandonou a medicina, chegando ao posto de tenente-coronel-médico da Polícia Militar de Minas Gerais, intercalando assim medicina com a Prefeitura.[79] Quando assumiu o cargo, Belo Horizonte tinha duzentos mil habitantes e a cidade estava com problemas financeiros, com arrecadação baixa, dívida aumentando e poucos recursos financeiros disponíveis.[77] JK escolheu dar prioridade às obras públicas que melhorassem e embelezassem a cidade.[80] Durante seu mandato, ficou conhecido como "prefeito furacão" pelas grandes mudanças feitas em BH.[81] Ele restaurou, pavimentou e construiu muitas avenidas, canalizou vários córregos que banhavam a cidade visando o saneamento básico, construiu pontes e realizou terraplenagens a fim de integrar o centro da cidade a vários núcleos populacionais da zona suburbana, e desenvolveu a rede subterrânea de luz e telefone.[82] Uma das mais importantes obras foi a construção do Conjunto Arquitetônico da Pampulha, um centro de lazer projetado por Oscar Niemeyer que tornou-se um marco cultural nacional.[83][84][85] Com o fim da Segunda Guerra Mundial, iniciou-se no país a redemocratização com a queda do Estado Novo e a posse de José Linhares. Os governantes que haviam sido indicados pela ditadura deixaram os cargos, incluindo Juscelino, em outubro de 1945.[86] Deputado federal pela segunda vez Após a saída da Prefeitura de Belo Horizonte, decidiu entrar definitivamente na política. Engajou-se na criação do Partido Social Democrático de Minas Gerais, fundado por políticos ligados a Valadares.[87] Nas eleições gerais de dezembro de 1945 foi eleito deputado federal para a Assembleia Nacional Constituinte pelo Partido Social Democrático (PSD), ficando em terceiro lugar. Pelo estado de Minas Gerais, elegeram-se também entre outros vinte deputados, entre eles Tancredo Neves, José Maria Alkmim, Gustavo Capanema e Valadares. Juscelino, juntamente com a esposa e a filha Márcia, foi morar na capital federal, mais especificamente em Copacabana.[88] Em 5 de fevereiro de 1946, foi empossado deputado federal no Palácio Tiradentes.[89][90] Em seu segundo mandato como deputado federal, JK integrou a Comissão de Transportes e Comunicações, defendeu a transferência da capital federal para o Triângulo Mineiro, e discursou sobre a necessidade de se construir casas populares e de se realizar uma política de conteúdo social, tendo em vista elevar o padrão de vida das pessoas.[91][92] Ele destacou-se por sua oratória e seus discursos mais importantes, com as frases que ficaram famosas, como "Deus me poupou o sentimento do medo", foram escritos pelo poeta carioca Augusto Frederico Schmidt;[5] destacou-se, também, por sua atuação na chamada "política de bastidores", nome dado para as articulações políticas bem trabalhadas, típica de seu segundo partido político.[93][94][90] Em julho de 1946, um grupo de deputados federais, incluindo JK, embarcaram em um avião do Força Aérea com destino a Belém, Pará, com o propósito de conhecer o extremo norte do país. Posteriormente, lembrou que esta foi a primeira vez a entrar em contato com um Brasil diferente daquele que estava acostumado, afirmando: "Se a beleza dos cenários me seduziu e deslumbrou, tive a oportunidade de viver, por outro lado, o drama daquelas populações deserdadas, perdidas nos desvãos de um território imenso e quase sem um vínculo afetivo com a capital da República."[95] Em maio de 1948, viajou com sua esposa para os Estados Unidos, permanecendo neste país durante algumas semanas e conhecendo várias cidades, como Nova Iorque, Chicago, Detroit e Filadélfia.[96] De acordo com suas memórias, essa viagem o convenceu de que o Brasil apenas alcançaria pleno desenvolvimento por meio de uma industrialização intensa e diversificada; desta forma, a passagem pelos EUA desempenhou grande influência em suas visões político-administrativas.[90] Governador de Minas Gerais O governador Milton Campos transmite o cargo a JK, em 31 de janeiro de 1951. No início da década de 1950, o PSD mineiro encontrava-se dividido entre as alas lideradas por Bias Fortes e JK; ambos mantinham o desejo de ser candidato ao governo estadual na eleição de 1950.[97] Em 22 de julho de 1950, o PSD realizou sua convenção, com a comissão executiva, composta por 23 membros, sendo a encarregada pela escolha do candidato.[97][98] JK acabou sendo o candidato do partido, vencendo a disputa por três votos; posteriormente, Tancredo recordou: "até hoje é um sigilo. Não se sabe quem votou em Juscelino, nem quem votou em Bias Fortes".[99] JK contou, ainda, com o apoio do PR, PTN, PSP e PST.[99] No decorrer da campanha, percorreu 168 municípios.[100] Ironicamente, o outro candidato era o seu concunhado Gabriel Passos (PDC-UDN), casado com a irmã de sua esposa.[99] Minas Gerais não tinha produção de energia elétrica suficiente e nem estradas, por isso sua estratégia se baseou no binômio "Energia e Transporte", sugerido pelo reitor da Universidade do Brasil, Pedro Calmon.[101] Apurados os resultados, JK foi eleito governador com 714 mil votos (56,7%), contra 544 mil votos (43,2%) de Gabriel. Pela mesma coalizão de JK, foi eleito para vice Clóvis Salgado da Gama com 676 mil votos (56,5%), derrotando Pedro Aleixo. A disputa pelo Senado foi vencida por Artur Bernardes Filho, também filiado ao PSD.[102][103] JK e o presidente Getúlio Vargas, na década de 1950 JK assumiu o cargo em 31 de janeiro de 1951, tornando-se o 24º governador do estado.[104] Como governador, criou a Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG) em 1952 e construiu cinco usinas hidrelétricas, triplicando o poder energético estadual.[105] Com a eletrificação foi possível estimular a industrialização, e assim pôde ser instalado em agosto de 1954 um conjunto de produção metalúrgica na região metropolitana de Belo Horizonte, a Mannesmann, uma siderúrgica alemã que possibilitou a concretização de seus planos: tirar o estado da situação "agropastoril".[104] Foram construídos mais de três mil quilômetros de estradas, 251 pontes e mais de 160 centros de saúde.[104] Quando tomou posse, havia 680 mil alunos matriculados na escola primária, índice que saltou para 1,1 milhão de alunos no final do governo.[104][98] Uma grande dificuldade que enfrentou como governador foi uma revolta ocorrida em Uberaba, em 1952, contra os elevados impostos estaduais, que causou prejuízos milionários.[106] JK buscou manter sua aliança política com Vargas, eleito presidente em 1950, conquistando a "bênção" do presidente para a realização de seus projetos como governador.[107][108] Em meio a crise política iniciada com o atentado da rua Tonelero, JK convidou Vargas para participar da inauguração da siderúrgica Mannesmann—sendo esta a última viagem de Vargas antes de se suicidar, no final daquele mês.[109] Juscelino foi o único governador a comparecer ao velório do presidente, ocorrido no Palácio do Catete.[110] Com a posse do vice-presidente Café Filho, JK tentou evitar o agravamento da situação política e colaborou com o novo governo.[111] Ainda como governador, JK iniciou as articulações para candidatar-se à presidência em 1955, visitando diversos estados do país.[112][113] Após receber o apoio do PSD para sua candidatura, em convenção nacional realizada em fevereiro de 1955, renunciou ao cargo de governador para se candidatar a presidente.[114][115] Ao vice-governador Clóvis Salgado, afirmou: "vou ter que renunciar, e vão fazer tudo para impedir as eleições. Você vai ter que ficar com essa defesa aqui nas mãos. Porque, sem o apoio de Minas, meu velho, minha candidatura desmorona, não tenha dúvida." Salgado então o tranquilizou.[116] Eleição presidencial de 1955 Ver artigo principal: Eleição presidencial brasileira de 1955 Numa fotografia da família presidencial na revista O Cruzeiro, edição de 4 de fevereiro de 1956. Primeira cédula eleitoral oficial, com candidatos a presidente e vice Através de uma aliança política formada por seis partidos, Juscelino foi eleito Presidente da República em 3 de outubro de 1955, com 35,68% dos votos válidos, a menor votação de todos os presidentes eleitos de 1945 a 1960. Naquela época as eleições realizavam-se em turno único. Nesta eleição, pela primeira vez no Brasil, utilizou-se a cédula eleitoral oficial confeccionada pela Justiça Eleitoral. Antes de 1955 os próprios partidos políticos confeccionavam e distribuíam as cédulas eleitorais.[117] Foi difícil o lançamento da candidatura de Juscelino, pois se acreditava em um veto militar a ele: JK era acusado de ser apoiado pelos comunistas. Somente quando o presidente da república Café Filho divulgou a carta dos militares na Voz do Brasil foi que Juscelino se lançou candidato, alegando que a carta dos militares não citava o seu nome.[118] Em campanha presidencial na Bahia, o então governador daquele estado, Antônio Balbino perguntou a Juscelino qual era a verdadeira posição do "Café". O candidato prontamente respondeu, em clara ironia, referindo-se ao ex-presidente Café Filho: “ Qual deles, Balbino? O vegetal ou o animal?[119] ” Para dar legitimidade e prestígio à sua candidatura a presidente, JK visitou o já idoso e venerado ex-presidente da república Venceslau Brás em sua residência no sul de Minas. Pediu e conseguiu o apoio do antigo presidente à sua candidatura. A apuração dos votos foi demorada. Em 3 de outubro de 1955, JK elegeu-se com 3 077 411 votos (35,68%), o general Juarez Távora recebeu 2 610 462 votos (30,27%), Ademar de Barros conseguiu 2 222 725 votos (25,77%) e Plínio Salgado conquistou 714 379 votos (8,28%).[120] Juscelino obteve 400 000 votos a mais que o candidato da União Democrática Nacional Juarez Távora, e 800 000 votos a mais que o terceiro colocado, o ex-governador de São Paulo Ademar de Barros. Juscelino foi favorecido pelo lançamento da candidatura de Plínio Salgado, que tirou votos do candidato Juarez Távora. A UDN tentou impugnar o resultado da eleição, sob a alegação de que Juscelino não obteve vitória por maioria absoluta dos votos. A posse de Juscelino e do vice-presidente eleito João Goulart só foi garantida com um levante militar liderado pelo ministro da Guerra, general Henrique Teixeira Lott que, em 11 de novembro de 1955, depôs o então presidente interino da República Carlos Luz. Suspeitava-se que Carlos Luz, da UDN, não daria posse ao presidente eleito Juscelino. Assumiu a presidência, após o golpe de 11 de novembro, o presidente do Senado Federal, Nereu Ramos do partido de JK, o PSD. Nereu Ramos concluiu o mandato de Getúlio Vargas, que fora eleito para governar de 1951 a 1956. O Brasil permaneceu em estado de sítio até a posse de JK em 31 de janeiro de 1956. Viagem internacional Juscelino Kubitschek com um fuzil, na República Dominicana, em 1956. Antes de tomar posse como presidente eleito, JK fez uma série de visitas a outros países, com o objetivo de apresentar aos seus mandatários a política de desenvolvimento que estava planejando para o Brasil: “ O meu objetivo não é apenas afastar-me da cena política nacional, de forma a permitir que as paixões serenassem mas, sobretudo, estabelecer contatos diretos com os Chefes de Governo e com os capitães da indústria e do comércio daqueles países, para apresentar-lhes, em termos concretos, a política de desenvolvimento econômico que instalarei no Brasil.[121] ” JK foi aos Estados Unidos, cujo governo estava preocupado com as acusações da oposição de que Juscelino tivesse sido eleito com o voto dos comunistas. Nesta viagem não haveria obtido sucesso, pois os empresários de lá não lhe deram atenção. Também viajou para a Europa (Inglaterra, França, Alemanha, Holanda, Bélgica, Espanha, Portugal, Itália e Vaticano).[122] Presidente do Brasil Ver artigo principal: Governo Juscelino Kubitschek O Brasão presidencial de Kubitschek composto com as condecorações que o mesmo recebeu, de diferentes países, como chefe de estado Posse de Juscelino Kubitschek como Presidente da República e de João Goulart como Vice, 1956. Arquivo Nacional. Juscelino foi o último presidente da República a assumir o cargo no Palácio do Catete. Foi empossado em 31 de janeiro de 1956, e governou por cinco anos, até 31 de janeiro de 1961. Seu vice-presidente, eleito também em 3 de outubro de 1955, foi João Goulart. Não havia reeleição naquela época. Foi o primeiro presidente civil desde Artur Bernardes a cumprir integralmente seu mandato. Juscelino Kubitschek empolgou o país com seu slogan "Cinquenta anos em cinco", conseguiu encetar um processo de rápida industrialização, tendo como carro-chefe a indústria automobilística. Houve, no seu governo, um forte crescimento econômico, porém, houve também um significativo aumento das dívidas públicas interna e externa, bem como da inflação nos governos seguintes de Jânio Quadros e João Goulart.[3] Os anos de seu governo são lembrados como "Os Anos Dourados", coincidindo com a fase de prosperidade norte-americana conhecida como "The Great American Celebration", que se caracterizou pela baixa inflação, elevadas taxas de crescimento da economia e do padrão de vida dos norte-americanos. Gabinete
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